Conhecida por suas cores vermelhas, a
Central Única dos Trabalhadores (CUT) mudou a cor de sua página na
internet hoje (31). Dizendo estar de luto, a central adotou a cor preta
para falar sobre a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff pelo
Senado. Com uma mensagem no topo de seu site, a entidade diz que a “CUT
está de luto. O golpe é contra o povo”.
Em nota publicada no site, Vagner
Freitas, presidente da central, disse que o Senado aprovou o afastamento
de Dilma “apesar de não ter sido provado nenhum crime de
responsabilidade”.
“O golpe na democracia afetará
profundamente a vida dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da
cidade e dos brasileiros e brasileiras que mais precisam da manutenção e
ampliação dos direitos e das políticas públicas, tanto hoje quanto no
futuro. Não se trata de uma simples troca de comando e, sim, da
usurpação dos destinos do Brasil por uma parcela da classe política, do
judiciário e da imprensa que quer o poder a qualquer preço”, diz
Freitas.
Para ele, o julgamento foi “um desfile
de hipocrisia”, já que muitos dos senadores “são réus e estão sendo
processados pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção e outros
crimes”. “Sem o menor constrangimento, [eles] se sentiram no direito de
julgar uma presidente inocente, que não cometeu nenhum crime, não têm
contas no exterior, nem foi acusada de corrupção e que foi eleita de
forma legítima por mais de 54 milhões de brasileiros e brasileiras”,
ressaltou.
Extinção de direitos conquistados
Segundo Freitas, a aprovação do
impeachment significará “redução ou extinção de direitos conquistados
com muita luta, desde a [Consolidação das Leis Trabalhistas] CLT de 1943
até os programas sociais da Constituinte de 1988, que têm feito o
Brasil, embora mais lentamente do que desejaríamos, deixar de ser um
país de miseráveis, famintos, analfabetos, doentes, sem moradia e água
tratada, sem emprego, sem atendimento odontológico e médico”. Para ele,
as propostas que foram divulgadas até agora pelo presidente Michel Temer
“são contra os interesses da classe trabalhadora”.
“A última delas, o corte de verbas para
os programas de alfabetização, já foi anunciada oficialmente pelo
governo ilegítimo. O congelamento de gastos públicos por 20 anos,
atrelados somente à correção da inflação, vai deixar milhões de pessoas
sem os já modestos, porém essenciais, serviços de saúde, educação,
segurança e lazer hoje existentes”, disse o presidente da CUT, que
também criticou a possível mudança nas leis trabalhistas e na
Previdência. “O jogo contra o povo é bruto, cruel”, ressaltou.
Segundo Freitas, a “CUT e os movimentos
sociais vão lutar contra os retrocessos”. “Não queríamos barrar o golpe
simplesmente para defender Dilma – cuja honestidade e seriedade já
seriam suficientes para tanto –, mas para impedir a onda conservadora
que se agiganta ao redor, a perda de direitos, o retrocesso”, diz ele,
que prometeu reforçar a luta contra o novo governo.
“Hoje, neste dia de luto, daremos início
a mais um ciclo de luta pela retomada da democracia. Para o mês de
setembro, a CUT já marcou um Dia Nacional de Paralisação, um Esquenta
Greve Geral contra a retirada de direitos, no dia 22”, finalizou.