No início desta semana, um iceberg de 1 trilhão de toneladas se
desligou da gigantesca plataforma de gelo Larsen C, na Antártica. De
acordo com um comunicado divulgado pelo Projeto Midas, formado por um
grupo de cientistas britânicos que monitoram Larsen C por meio de
satélites.
A separação ocorreu entre a segunda-feira (10) e a quarta-feira (12), resultando em um iceberg
de 5.800 quilômetros quadrados, equivalente em tamanho ao território do
Distrito Federal. O fenômeno era esperado pelos pesquisadores que
vigiam uma fenda na plataforma desde 2010, e previam a separação, mas as
consequêncisas do evento ainda estão sendo estudadas.
Em
comunicado à imprensa, o professor Adrian Luckman, da Universidade de
Swansea, principal pesquisador do projeto Midas, informou que o impacto
do rompimento em Larsen C será acompanhado, assim como destino do enorme
bloco de gelo.
"O iceberg é um dos maiores já
registrado e seu progresso futuro é difícil de prever. Pode permanecer
em uma só peça, mas é mais provável que se divida em fragmentos. Um
pouco do gelo pode permanecer na área por décadas, enquanto partes do
iceberg podem se dirigir para o norte em águas mais quentes", avalia
Luckman.
O novo iceberg é um dos dez maiores monitorados
por satélite e deve ser chamado de A68. Segundo os cientistas, o enorme
bloco de gelo à deriva no oceano não deve alterar o nível do mar
imediatamente. Como a plataforma de gelo Larsen C já estava flutuando, a
separação não deslocou água extra.
Larsen C tem uma espessura
entre 200 e 600 metros e flutua no oceano à beira da Península
Antártica, impedindo o fluxo de geleiras que a alimentam. Com a
separação, a área de Larsen C foi reduzida em mais de 12%.
Os
pesquisadores britânicos alertam que caso a plataforma continue perdendo
blocos de gelo, isso pode resultar na separação de geleiras rumo ao
oceano, o que poderia levar a uma elevação de até 10 centímetros no
nível do mar. A avaliação dos cientistas é que a nova configuração da
plataforma deverá ser menos estável que antes da fenda, aumentando o
risco de que ela se desintegre.
“Embora haja um debate abundante
sobre isso, nossa pesquisa mostra que a plataforma de gelo restante pode
ser menos estável e, eventualmente, seguir o exemplo do vizinho do
norte Larsen B. Outros cientistas esperam que a plataforma de gelo se
reconstitua, mas só o tempo irá dizer.”, informou o Projeto Midas em
nota à imprensa.
Em relação ao impacto do rompimento na
biodiversidade, os cientistas garantem que a ave símbolo da região não
será prejudicado. “Os pinguins vivem onde podem acessar peixes no mar. A
plataforma de gelo tem uma espessura de cerca de 200 metros na sua
borda externa. Uma vez que nove décimos deles estão debaixo d'água, como
em qualquer iceberg, o penhasco na borda do mar tem pelo menos 20 metros de altura. Os pinguins podem pular, mas não tão altos.”
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